Hoje, resolvi colocar o poema "Se" escrito pelo
Prof. Hermógenes, autor de vários livros como: Autoperfeição com Hatha Yoga e
Yoga para Nervosos. Um pioneiro sobre o estudo do yoga no Brasil.
Dele, tenho uma lembrança muito boa, pois quando eu era
criança minha mãe teve um problema sério de saúde, que os médicos não
conseguiam diagnosticar e cuidar. Um dia meu pai trouxe o livro Yoga para
nervosos e, depois que ela leu comentava com todos que tinha descoberto a sua
cura.
Fiquei com aquela informação na cabeça e, depois já na época
em que eu comecei a praticar o yoga comprei os livros dele, que me serviram e
continuam servindo como estudo.
Também tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, numa
empreitada que foi uma aventura. Eu ainda trabalhava em editora e, um cliente
foi vender o livro dele num evento, pedi para ir junto, ajudei a vender o livro
como se fosse funcionária do meu cliente. Assisti a palestra e vi como ele é
amoroso e verdadeiro nas suas explicações.
Professor Hermógenes muito obrigada!
Compartilho com vocês este poema que considero maravilhoso!
Se, ao final desta
existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…
Se ainda ocultar
verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…
Se restar
abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…
Se eu retiver um
pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…
Se algum
ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio.
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…
Se continuar a
mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…
Se seguir
protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…
Se, indigente da
incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…
Se insistir ainda
que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…
Se minha fortaleza
e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…
Se, imprudente e
cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…
Se, ainda presa do
grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…
Se, ao fim de meus
dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto
acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.
Prof. Hermógenes